
Sabe... era mais fácil quando não se gostava, nem se apegava. Seria perfeito, então. Eu e você, desconhecidos, apenas. Cruzando ruas e vidas tranquilos, sem olhares, afagos, abraços, sorrisos. Mas eu te vi. E vi em você a chance de me fazer sentir leve, protegida, amada. Meu porto, seus braços. Minha calma, seu sorriso. Nem palavras eram necessárias quando a gente ficava, assim, junto. Em mim, tinha certeza que nossos corações e respiração possuíam a mesma cadência.
Um dia, sorrindo por supor que te veria e te amaria como todas as outras vezes que te vi passar, vejo-te, junto, lindamente acariciando os louros fios de uma outra, que não eu. Decepção? Ciúmes? Não. Invadiu-me, então, um desprezo e um choro incontido, um grito abafado. Levei minhas mãos ao rosto, respirei fundo, e enxuguei a lágrima que começava a rolar. Acenei pra você. Sorrindo, você me abraçou, como sempre, e beijou-me a testa. Soltou-me e tomando a mão da moça, você me apresenta àquela que você chama metade sua. Mas essa não era eu? A dor é profunda ao ouvir: "Não somos amigos, minha linda?" Sim, somos. Só que eu não sabia.
Olhando para trás, percebo que só eu que não via. Não eram seus braços e beijos que me faziam diferente. Era eu que os fazia ter significado. E nunca pensei em perguntar o que nós éramos. Se um, dois, nenhum, metade, ou nada. E eu, eu era nada. Ele, tudo.
Éramos dois.
Era só nós dois.
Então veio o fim.
E o fim levou você pra longe.
Longe de mim.
Mas você voltou.
E agora éramos um.
Me enganei.
Eu era só.
Só e só estou.
Você? Ah! Você é dois.
Quem é? Ah! Você e...
Agora apenas eu,
E você se foi.
O que fazer? Não sei.
Amar? Só depois.
(Eu e Você - Roxane Gomes, em 02/07/2006)
Agora se toda dor de cotovelo promovesse textos assim, eu torceria para que houvesse mais desilusões! kkkkkk Ah minha amiga, sou suspeita a comentar! Só digo uma coisa, fabuloso! ;)
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