Mais uma vez me pego pensando no porque das finitudes.
Semana passada estava em viagem. Ao chegar ao meu destino, peguei minha mala e me direcionei para onde seria meu quarto durante aquela semana. Senti-me deslocada no processo de me habituar ao espaço que não era meu, mas havia pago, então me pertencia. Coloquei minhas coisas nos seus devidos lugares, mas não sabia ainda onde era meu lugar.
Os dias se passaram e o espaço começou a fazer parte do meu conhecimento. As paredes, a cama, os móveis, o banheiro, o cheiro, a comida do lugar se tornaram familiares.
Mas o momento de voltar a minha cidade chegou, e tinha que me desprender daquele lugar. Comecei, logo, tomando um demorado banho. Com a sensação de deixar escorrer pelo ralo a pele que me unia aquela cidade, pessoas e coisas, voltei a fazer a mala. Saindo do quarto, ainda segurando a maçaneta, senti o impulso de olhar para trás. Estranha sensação me invadiu. Parecia que eu nunca tinha estado lá.
Engraçado. Num instante me sentia uma estranha, num outro momento necessitava que algo de mim permanecesse e mudasse o lugar. Aquela famosa e difundida frase "você é insubstituível" não fez sentido nenhum a mim, naquele instante. Não só era substituível como também invisível. Isso me calou em mim mesma durante toda minha viagem de volta para casa.
Quando desço do carro, caminho até a porta, giro a chave na fechadura e entro em minha casa, a sensação é outra. Não aliviada, mas chocada. O que chamo de casa, que afirmo que me pertence é apenas um aglomerado de coisas que digo que são extensão de mim e marcam território. Se as retiro de lá o espaço se torna um vazio onde não me encontro.
Por isso dos começos, recomeços e finitudes. O que me move de um lugar para outro, o que gera mudanças, o que me traz reflexão e me transforma é a luta por começar e não terminar. Nunca. O eterno ciclo dos re-começos. E isso me marca profundamente. Como que uma tatuagem que mesmo que eu não goste mais do desenho, ou minha pele envelheça, ou que a tinta enfraqueça; é uma eterna lembrança de algo, alguém, lugar, sensação, sentimento, frustração, arrependimento, conquista, conhecimento. Que me faz habitar em mim mesmo, fazendo-me pertencer ao momento decisivo de iniciar um novo ciclo. Deixar os antigos espaços vazios para que sejam ocupados por outros, e habitar novos espaços abandonados colorindo com minhas cores, aromas, vidas.
Existindo onde outros desistiram. Dançando conforme a música. Re-começando quantas vezes for preciso. Porque a vida, é um giro.
Semana passada estava em viagem. Ao chegar ao meu destino, peguei minha mala e me direcionei para onde seria meu quarto durante aquela semana. Senti-me deslocada no processo de me habituar ao espaço que não era meu, mas havia pago, então me pertencia. Coloquei minhas coisas nos seus devidos lugares, mas não sabia ainda onde era meu lugar.
Os dias se passaram e o espaço começou a fazer parte do meu conhecimento. As paredes, a cama, os móveis, o banheiro, o cheiro, a comida do lugar se tornaram familiares.
Mas o momento de voltar a minha cidade chegou, e tinha que me desprender daquele lugar. Comecei, logo, tomando um demorado banho. Com a sensação de deixar escorrer pelo ralo a pele que me unia aquela cidade, pessoas e coisas, voltei a fazer a mala. Saindo do quarto, ainda segurando a maçaneta, senti o impulso de olhar para trás. Estranha sensação me invadiu. Parecia que eu nunca tinha estado lá.
Engraçado. Num instante me sentia uma estranha, num outro momento necessitava que algo de mim permanecesse e mudasse o lugar. Aquela famosa e difundida frase "você é insubstituível" não fez sentido nenhum a mim, naquele instante. Não só era substituível como também invisível. Isso me calou em mim mesma durante toda minha viagem de volta para casa.
Quando desço do carro, caminho até a porta, giro a chave na fechadura e entro em minha casa, a sensação é outra. Não aliviada, mas chocada. O que chamo de casa, que afirmo que me pertence é apenas um aglomerado de coisas que digo que são extensão de mim e marcam território. Se as retiro de lá o espaço se torna um vazio onde não me encontro.
Por isso dos começos, recomeços e finitudes. O que me move de um lugar para outro, o que gera mudanças, o que me traz reflexão e me transforma é a luta por começar e não terminar. Nunca. O eterno ciclo dos re-começos. E isso me marca profundamente. Como que uma tatuagem que mesmo que eu não goste mais do desenho, ou minha pele envelheça, ou que a tinta enfraqueça; é uma eterna lembrança de algo, alguém, lugar, sensação, sentimento, frustração, arrependimento, conquista, conhecimento. Que me faz habitar em mim mesmo, fazendo-me pertencer ao momento decisivo de iniciar um novo ciclo. Deixar os antigos espaços vazios para que sejam ocupados por outros, e habitar novos espaços abandonados colorindo com minhas cores, aromas, vidas.
Existindo onde outros desistiram. Dançando conforme a música. Re-começando quantas vezes for preciso. Porque a vida, é um giro.
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