Ás vezes necessito que as coisas fiquem onde estão. Que não possam ser vistas, ou sentidas por mim. É uma dor que aperta o peito e faz a respiração tornar-se fraca. Ontem, ao ver a chuva cair aos montes, as ruas estavam como rios; ilhando e isolando qualquer um que tentasse atravessar estradas e becos a pé. Isso causou o silêncio. A cadência da chuva trazia um conforto do estar só que não deprimia, mas consolava. Uma invasão de liberdade, do não ser visto, do não importar-se com julgamentos, fez-me correr até o quintal e num impulso lancei-me na chuva. Caíam as gotas de chuva em meu rosto e eu sorria. A sensação de sentir-se só me fez rodopiar como criança que acaba de ganhar um doce. Deitei na grama e observando o céu repleto de carregadas nuvens, sinto que meu sentimento de prender tudo num espaço só sempre acontecia. O céu me prendia através de um grande muro, que me separa daquilo que não posso ver. E cada vez que desejei que coisas, sentimentos e pessoas pudessem ser pres...