Se meu morar fosse deserto, Em cada canto de areia teria um pouco de mim por certo. E a sede, da falta d’água, Mataria com o sossego do silêncio. Se meu andar fosse deserto, Espalharia grãos de afeto pra quem estivesse perto. E contaria minha história em rima, prosa e verso. Se meu sorrir fosse deserto, Seria largo e sincero com desejo de ser universo. E na imensidão, a perder de vista, Deixaria minhas dores, minhas sinas, desafetos. Se meu viver fosse deserto, insistiria em ser oásis além do tempo. E se a tempestade de areia vinhesse, Sorriria e dançaria a valsa do vento, Sem perder de vista o lampejo do viver satisfeito. (29/08/2017)